"Nunca diga para Deus o tamanho dos seus problemas, diga sim, para os seus problemas o tamanho do seu Deus."Nestes dias que estive fora, afastada deste cantinho, foram dias em que me apeguei mais a Deus, e que, apesar de tudo, senti mais a Sua presença e uma enorme paz.
Em Dezembro de 2005, no dia 20, tive a enorme felicidade de receber uma chamada a dizer que a minha bhcg tinha sido positiva, mas que o valor era baixo (65,4 ml). A felicidade durou cerca de uns segundos, mas garanto que foi uma daquelas alturas que nunca esquecemos, aconteça o que acontecer. Uma semana depois repeti a análise e deu 70 ml, nada de bom, significava que a gravidez não estava a evoluir. Quando em Janeiro de 2006 fiz novamente a bhcg e de um valor elevado pensei, é desta, estou mesmo grávida. A felicidade então era de rebentar.
Marquei a 1ª eco e no dia 13 de Janeiro lá fui eu para ver a minha estrelinha, mas ela não estava lá. Só existia o saquinho que devia ser a casinha dela. Repeti a eco passado uma semana e confirmou-se o diagnóstico, gravidez anembrionária. Foi como se o Mundo tivesse desabado em cima de mim e que tudo tivesse acabado. Se não fosse o apoio da família e das minhas amigas, acho que não conseguia ultrapassar.
Nessa altura cheguei-me ainda mais a Deus, pedindo-lhe que me ajudasse a ultrapassar e a aceitar a situação. Não me arrependo e este fim de semana tive a certeza que Deus me ouviu.
Na quinta feira passada, telefonei para a Ava porque a menstruação era muito pouca e pelo que o Dr. me tinha dito devia ser muito mais. De tarde ligaram-me a transmitir aquilo que o médico lhes tinha dito, e lá fui eu ter com ele a Stª Maria.
Entrei naquele corredor de urgências de obstetrícia, extremamente nervosa, mas ao mesmo tempo com uma pequena esperança que talvez, por algum milagre, o primeiro diagnóstico não estivesse correcto, mas estava. Tinha 11 semanas de gravidez anembrionária.
Fiquei logo internada para me provocarem o aborto. Fui parar a um piso com grávidas, ao quarto onde ficam as pessoas que por qualquer razão sofrem um aborto. Naquelas 4 camas, todas nós passavamos por situações parecidas, umas mais complicadas que outras. No entanto garanto-vos, a minha era a mais fácil clinicamente de ser resolvida.
O mais difícil era ver as barrigas das outras, ouvi-las refilar por estarem ali fechadas por causa daquela criança e pensar, o que eu não dava para estar ali, a gerar um filho, não me importando se tivesse de estar internada os 9 meses, desde que com o bebé tudo estivesse bem.
Nesse dia à noite, o Dr. foi medicar-me (leia-se introduzir 3 comprimidos para provocar o aborto), as dores foram bastantes, as perdas também, mas na eco do dia seguinte, lá continuava o saco. Conclusão, aguardar uma raspagem. Fizeram-ma na Sexta à noite. Correi bem, só não me dou com anastesias, vomitei-a todinha.
No Sábado tive alta com mais 3 meninas, todas tinham feito raspagens de véspera, e 1 estava mas mesma situação que eu, mas com menos semanas.
Agora é aguardar que o corpo recupere. 3 meses de Gynera e esperar, mas principalmente rezar para que esta fase corra bem e possa voltar a tentar.
Espero deixar isto para trás. Não esquecer, mas aprender.
Tenho de agradecer à mãe e ao marido que estiveeram sempre ao meu lado.Muito OBRIGADO.
Agora já sabem o que andei a fazer no fim de semana, espero que os próximos sejam muito melhores.