Lá em casa está instalado em dose dupla, que vale por dose quádrupla.
É de manhã porque estão ensonados, porque querem ver bonecos na tv, está desligada, não há nada para ninguém, acabaram-se as mordomias de manhã, desenhos animadas só e apenas se se despacharem a horas e sem birras.
Ela porque quer ver a Dora, quer ver a Xana, porque não quer ténis e quer crocs (hoje é dia de ginástica-movimento), porque não quer ganchinhos, ou não quer totós, ou quer ser ela a pôr. Ou não quer aquela roupa, ou não quer o casaco, ou não quer o gorro, ou não quer o leite. Ou quer escovar os dentes mas tem de ser com a escova do irmão, ou com a minha. Gritos de furar tímpanos, correr para qualquer lado da casa, mandar com as coisas, tentar bater a quem contrariar ou estiver à frente, morder (se estiver ao colo, ao que junta uns beliscões), atirar-se para o chão.
Ele perde-se a ver desenhos animados, a ver anúncios, é uma perna nas calças e a outra na testa. Perde as meias, não sabe dos ténis. vai escovar os dentes à última de repente lembra-se que quer ir buscar um brinquedo para a escola, demora eternidades a escolher. Ah, entretanto dá-lhe vontade de ir à casa de banho, mas leva um brinquedo e demora outras eternidades.
Mãe doida, a gritar que nem uma louca. A tentar manter a calma e a contar até um gazilião para não desatar a aquecer rabos com palmadas.
Entretanto a mãe vai trabalhar e depois o colega de trabalho faz birra, é que no caso dele ficou com o virus permanentemente instalado.
De tarde, mãe saudosa, vai buscar os pintaínhos à escola. Cheia de vontade de os apertar aos beijos, aos mimos, de lhes dar aqueles beijinhos que a birra matinal não permitie e pensa que agora já passou o sono aos seus amores.
Ele desaparece a correr escada abaixo direito à sala da mana, onde sabe que não pode entrar e mais uma vez é repreendido. Casaco e mochila não interessam, a mãe leva, aliás ainda estou a falar com a educadora ou auxiliar já ele está em modo miudo ligado á ficha. Sobe escadas que não deve, tenta trepar ao corrimão tipo índio.
Ela vem a correr toda contente. Sai disparada mas não que saber de beijos, quer é correr. Casacos nem vê-los, valha-me a auxiliar que me ajuda a mantê-la quieta.
É deitarem-se no chão. É correrem que nem doidos. É mãe a dizer Cuidado, Mais devagar, Pára, Olha os carros, Atenção, já para não referir as vezes que lhes gasto o nome.
E depois, castigo. A mãe castiga. Ai é castigas, então vais ver:
Não tomo banho.
Não como a sopa.
Não gosto desta comida.
Não quero mudar a fralda.
Olha despi-me, ando sem fralda e não me vais por outra.
Birra para dormir? Duas, toma que é para aprenderes.
Dizem que depois temos a lei da compensação. A minha deve ser magnífica, só pode.
Ó virus da birra, vái mazé para o raio que ta parta e devolve-me os meus docinhos.
Crónicas de uma mãe em estado cabelos em pé.
Na Minha Caixa de Correio
Há 20 horas
3 comentários:
Porque é que ao ler este post eu me lembrei tanto da minha casa? Só que em vez de ser um ela e um ele, são duas elas.
olha deixa lá em minha casa passa-se quase o mesmo, se fosse só em casa. paletes paciência!
bjos
eh pá, mas parte do rapaz parece que estava a ler a descrição do meu!!!
é quase igualzinho (tirando a parte da interaçõ com a irmã!!!)
sim... birras e castigos!
bjs
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