Se é assim, estou a começar a temer a segunda.
A minha miuda gira tem ginete, tem personalidade e sabe o que quer.
Gosto dela assim, orgulho-me dela ssim, adoro-a assim, admiro-a por ser assim. Dá-me é cabo dos nervos, faz-me cabelos brancos, provoca-me taquicardia, fico rouca de berrar nas megas birras que faz, fico frustrada porque não consigo
lá chegar ao tentar explicar-lhe que ela não pode fazer o que quer, quando quer, como quer.
Se por um lado a admiro e muito, por outro há este sentimento de culpa por não estar a fazer bem, por estar a falhar não sei onde, por não estar a saber educar.
Vejamos: um calça o sapato da direita, outro o da esquerda, uma terceira pessoa aperta e o mano leva uma palmada. Não dá. Óbvio que não dá. Se uma vez tem piada, na segunda ninguém ri e à terceira cheira mal.
Que ela seja vaidosa e queira dormir de ganchinhos, que durma, asseguro-me que estão colocados de forma a não a magoar. Que se admire ao espelho e ajeite os caracóis e desfaça o penteado, ok, não tem mal nenhum.
Mas...levar crocs porque sua mini-excelência faz birra de mandar a casa abaixo no inverno, não, vai descalça se for preciso, mas não leva. Que lhe apeteça ir de cabeça descoberta, ou retirar a capa de chuva do carrinho quando cai uma enorme carga de água, nem que eu me molhe até aos ossos mas não faz.
Já disse e repito, sou amiga, amo os meus filhos de paixão, são os melhores do mundo, mas a Mãe sou eu e quem manda sou eu.
Só que a coisa tem andado a assumir proporções demasiado grandes para o meu gosto. Muito por culpa minha. No verão não andava bem, nada mesmo, pensava que se enfiasse o carro contra as paredes do túnel que atravesso a caminho do trabalho, só se perdia a chapa e só o amor aos meus filhos me fez pensar duas vezes. Por isso neglicenciei muita coisa admito, também por falta de apoio, de ajuda, para não ouvir mais críticas, para não ter mais birras deixei passar coisas que não devia.
Óbvio que desde há algum tempo tenho vindo a contrariar esta tendência, mas não estão bem a ver o tamanho do finca-pé. Ela chora, ela berra, ela dá gritos lancinantes, ela bate, ela trepa às coisas, ela foge, ela faz trinta por uma linha para levar a dela avante. Ontem foi no banho, enquanto preparava o jantar, o pai foi dar-lhe banho. Fez birra, queria a mãe, mas não dava, gritou tanto mas tanto que até o irmão chorou assustado.
No fim, fez as pazes com o pai, mas e o estado nervoso do pessoal todo lá de casa? Especialmente o dela?
Penso valerá a pena? Por um lado não a gosto de ver assim, por outro ela tem 2 anos, não posso fazer todas as suas vontades só porque ela se pode irritar e chorar e ficar nervosa. Que tipo de adulto estarei a educar?
Não sei, a confusão é grande, o sentimento de culpa é grande. Percebe-se pelas minhas palavras. Não sei.
Na escola é um doce, atrevida, decidida, destemida, mas doce.
Só não estou confusa numa coisa, ela pode fazer todas as birras do mundo, amo-a de paixão na mesma.
Preciso da vossa ajuda. Estou num impasse e tenho medo de cometer o maior e pior erro de toda a minha vida. Aquele que seria o mais execrável de todos. Ajudam-me?